quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Nós

Adão e Eva nus

Cigarro na boca e apagado

Céu azul cheio de urubus
Corpo no chão estatelado
Cemitério de abutres enterrados
Gente girando sobre os quarteirões 
Bons alvitres
Ácidas conclusões 
Doce salitre
Nos dentes dos leões 

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

É Já


Certo mesmo é que o sol nascerá amanhã
De resto, tudo é hoje, no instante-agora
Independente do ontem, minha mente é sã

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Espelho de bar


Que foi que houve contigo?
Não sei foi a música tocada
Ou foi a cerveja gelada?
Onde está aquele amigo?

Não há espaço pra papo
Não há cachorro no mato
Ninguém dá mais a mínima
Se você está arrasado

Até o garçom sabe da sua ferida
Então erga um brinde a essa vida
Beba cem saideiras, até afogar a tristeza
Do seu velho coração, a pulsar sobre a mesa...

sábado, 25 de agosto de 2012

Carne, osso e alma

Escrever cercado por pássaros 
Ouvir o som que vem do rio
Sorrir de volta para uma criança 
Atravessar os dedos pelos cabelos de sua mulher
Abraçar os amigos com saudade
Ver personagens nas nuvens de São Paulo 
Beija-lá e sentir-se em queda livre dentro de si mesmo
Deixar o sol de inverno nutrir a pele
Emocionar-se com um clichê barato
Curtir a nostalgia contida nos acordes de um música antiga
Ter tempo para olhar para dentro de si (nem que seja no trânsito dessa cidade)
Sentir a alma arrepiar-se e os olhos ficarem úmidos no final do dia 
Um frio na barriga antes de tudo começar de novo
Pequenas grandes sensações 
É estar aqui e agora.

sábado, 30 de junho de 2012

Nossa órbita

Por que será que a gente
gosta tanto de se balançar?
Do berço à preguiçosa rede
passando pela cachaça
e equilibrando-se sobre o mar

Perdidos na imensidão do silêncio
sempre girando, guiados pelo luar

o pêndulo do relógio
a bailarina no balanço
as folhas da bananeira
as ondas do mar

por que será?



sábado, 2 de junho de 2012

Coador

Coe o café todo
Moa o grão morto
Depois voe até o vão
Onde soa o sussurro solto
Só se estatela no chão
quem sobre ele caminha
Beije a boca da vida
Corra, não há fim da linha
Viva a imitar o que soa
No alto céu
Moe....coa
Coe.....moa

quarta-feira, 9 de maio de 2012


Não quero mais conjugar o futuro do pretérito

 

 

                         Quero viver no infinitivo

 

 

             E saber do que acontece no presente do indicativo

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Igual coisa não há

                                        Quem atravessa a ponte sobre o rio Alvorada

         Sabe que ali debaixo percorre a vida dessa cidade

                                       O rio corre nessas veias bem para dentro das nossas moradas



                                        O curso do rio não tem volta assim como o nosso tempo

                   Que passa constante e tranqüilo, tranquilo a gotejar

                         Ele só fica agitado, na minha morada, no fundo do leito

                                          Eu sei, igual coisa não há, igual coisa não há.

terça-feira, 20 de março de 2012

Orvalho


O tempo quer que nós mudemos

Como gotas que evaporam

E então nós prometemos

Aos céus, que ignoram,

Que, se esperança nos já temos,

Nada no mundo nos devora.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Aço

A
cachaça
a
fumaça
do
cansaço
rechaça

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Instante

A dor de cabeça que antes latejava
Agora está latente


Se o vento voltar a soprar
A porta beijará o batente



Enquanto o clímax não o redimir
O delírio dele será
a quase morte da moça


fervente

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Papillon

criemos
flores para presentear alguém
soltemos
os pássaros ao céu que a eles apetece
deixemos
que o sonho tenha vida, como merece
sejamos
lagartas que de tanto crer, voam
além