quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Sem passaporte

Nos meus sonhos revisito lugares
                    Conhecidos em outros devaneios
                   Acordo inebriado de saudades
                                        Recordando aventuras e passeios
Quanto mais desperto, menos lembro e nada sacia
Um casarão ensolarado desmancha-se como areia
Luzes que ofuscam a retina
                                            Loucuras que travam a língua
  Diálogos em louca pantomima
                                                 A mente, do sonho, fica à míngua

  Coisas que a gente nem mais imagina

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Um Rap pro RIP



Para depois não reclamarem quando repousarem sob um epitáfio feito em pedra fria
inscrito com a frase reveladora e triste “aqui jaz mais um mísero paulistano
que não soube descobrir o sabor escondido nas brechas do dia a dia”,
tenham paz de espírito, amantes desvairados do círculo vicioso do cotidiano.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Nós

Adão e Eva nus

Cigarro na boca e apagado

Céu azul cheio de urubus
Corpo no chão estatelado
Cemitério de abutres enterrados
Gente girando sobre os quarteirões 
Bons alvitres
Ácidas conclusões 
Doce salitre
Nos dentes dos leões 

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

É Já


Certo mesmo é que o sol nascerá amanhã
De resto, tudo é hoje, no instante-agora
Independente do ontem, minha mente é sã

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Espelho de bar


Que foi que houve contigo?
Não sei foi a música tocada
Ou foi a cerveja gelada?
Onde está aquele amigo?

Não há espaço pra papo
Não há cachorro no mato
Ninguém dá mais a mínima
Se você está arrasado

Até o garçom sabe da sua ferida
Então erga um brinde a essa vida
Beba cem saideiras, até afogar a tristeza
Do seu velho coração, a pulsar sobre a mesa...

sábado, 25 de agosto de 2012

Carne, osso e alma

Escrever cercado por pássaros 
Ouvir o som que vem do rio
Sorrir de volta para uma criança 
Atravessar os dedos pelos cabelos de sua mulher
Abraçar os amigos com saudade
Ver personagens nas nuvens de São Paulo 
Beija-lá e sentir-se em queda livre dentro de si mesmo
Deixar o sol de inverno nutrir a pele
Emocionar-se com um clichê barato
Curtir a nostalgia contida nos acordes de um música antiga
Ter tempo para olhar para dentro de si (nem que seja no trânsito dessa cidade)
Sentir a alma arrepiar-se e os olhos ficarem úmidos no final do dia 
Um frio na barriga antes de tudo começar de novo
Pequenas grandes sensações 
É estar aqui e agora.

sábado, 30 de junho de 2012

Nossa órbita

Por que será que a gente
gosta tanto de se balançar?
Do berço à preguiçosa rede
passando pela cachaça
e equilibrando-se sobre o mar

Perdidos na imensidão do silêncio
sempre girando, guiados pelo luar

o pêndulo do relógio
a bailarina no balanço
as folhas da bananeira
as ondas do mar

por que será?