segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Não há

Não há sequer que se falar em não fazer
Não há o que se fazer quando não se fala

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

A s a s a s

a s v e z e s

t r a z e m

asal

mas

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Croque

Cortei e abri a palavra
Dissequei-a
Só para ver seus nervos
Latentes
Como criança que desmonta o brinquedo
E depois não consegue montá-lo
Não ousei tocar suas entranhas
Não por medo de machucá-la
Mas por receio de tomar um choque
daqueles fios desencapados
acalmei a curiosa sanha
que queria mantê-la nos dedos suados
mas ao fechar, quebrei a palavra
num terrível “croque”
E chorei.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Libra

Foi-se o tempo em que nadar contra a corrente
Era privilégio de quem queria atravessar o rio
Em linha reta, cortando o fluxo que vem
Quem quer atravessar a vida, sem amigos
Sem amor, sem equilíbrio
O faz também.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Dissabores

Olho de peixe na planta do pé
Pé de galinha no canto do olho
A manga da blusa suja de molho
Molho de chaves num vão qualquer

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Dito pelo não ouvido

Dizem que o que se diz fica


eternizado

na mente de quem disse

da forma como ele mesmo ouviu

E

permanece guardado

no ouvido de quem
escutou

da forma como esse quer crer que tenha sido

dito

quinta-feira, 14 de julho de 2011

C' a fé

Eu só preciso tomar um café
Ali na esquina
pra recuperar toda essa minha fé
adormecida
E depois tirar mais um cochilo
Pra irrigar a alma aqui no rio Nilo
tranqüilo.

Ouça
os belos poemas que o vento sussurra
Não tema
a verdade fria que ao amigo você urra
Sinta
o gosto de amargo na boca daquele que
você esmurra

Se o
cedo é doce*


assim eu me encontro


mais tarde,

se a mim desaponto,

reinvento a história,
vivo conto.

Cristiano Fogaça


(* Homenagem a P. Leminski que disse: “Tão doce, tão cedo, / tão já / tudo de novo vira começo”).

sexta-feira, 17 de junho de 2011

terça-feira, 17 de maio de 2011

Idadodia

É ida
a vida que segue sincera
e ninguém percebe que é bela
a luz da tarde que vai e não volta
anuncia que será pelo amanhã seguida

Façam as vezes
dos anfitriões de seus mundos

Inovadores ou reacionários
sem pensar nos louros alheios...
Mesmo se de quando em vez
vazam as vozes dos sonhos solitários,
sintam-se com os corações cheios

De alegria, de nostalgia
de infantil e incontida energia.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

refreshing old things

mundo muda

meu mundo

mudo

eu

tremendo o mundo

é

um mundo tremendo

mando

ao mundo mudo meu

eu

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

A voz do subsolo

Havia um certa possibilidade de aquilo acontecer, mas malandro que se acha experiente, pensa positivo e acredita que com ele nada acontece e que, se acontecer, ele improvisa. Assim, tomou um banho gelado, vestiu um calção velho, matou uma garrafa de cerveja e deitou-se na cama. O calor colava seu corpo ao lençol. As janelas abertas deixavam as cortinas intactas. Depois de rolar para cada lado da cama, umas dez vezes, resolveu levantar-se. – Vou dar um rolê na rua. Calçou um chinelo, pegou uma camiseta e jogou sobre o ombro esquerdo, colocou um cigarro na orelha direita e guardou um isqueiro no bolso do calção. Bateu a porta.

Já na rua, sentiu um clima mais ameno e inspirou um forte perfume de “dama da noite”. Aquilo o acalmou um pouco. Começou a caminhar sem rumo, indo pela rua de sua casa até o final. Chegou naquela pracinha suja e acendeu um cigarro. Leve tontura. Fez de conta que a preocupação ia embora junto com a fumaça, se dissipando pela atmosfera. Um cachorro latiu ao longe. - Qual seria a chance do chefe do Almeida se lembrar que eu tinha dormido com sua ex-mulher, quando eles ainda eram casados? E qual a chance de o cara associar que o Almeida é pai do amigo do meu filho ? E qual a chance de o cara demitir o Almeida por causa disso? Praticamente nenhuma. Quase zero.

Uma gota de suor gelado escorreu pelo centro do peito de Jorge. Ele logo se distraiu com a mulher do vizinho que passeava com seu cachorro, do outro lado da praça. Estaria ela também com calor e resolveu espairecer? O cigarro acabou e ele arremessou a bituca para bem longe. A pequena fagulha cortou o breu e rolou para dentro de um bueiro. Respirou fundo, como se tomasse coragem, olhou para a mulher com o cachorro e voltou para sua casa, arrastando os chinelos pela rua silenciosa. Sentiu um vento frio, vestiu a camisa e bocejou.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Acidente

Vaza do recipiente
o líquido vermelho e espesso
que agora ganha o tapete persa
e espalha-se de forma inconveniente
lembrando João quando cora sua face.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Belas cafonices

Gravo a ferro e fogo
em minha alma vivida
cada passo conquistado
nesta vida aguerrida.

Guardo com carinho no coração
cada sorriso que voa dos seus sopros
para nunca mais apagá-los
enfileirados em inocente coleção

E acima de tudo,
independente do que acontecer,
tenho na mente o som de uma canção
que faz a trilha sonora dos nossos sonhos
para a gente não mais esquecer...

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

É feito

Por que mudar, se isto está bem feito?
Ora, só se for para tornar tudo perfeito
Mas qual a diferença, se um e outro têm o mesmo prático efeito?
É saber que, sob qualquer aspecto, não haverá mesmo um defeito

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

AMP

AMP
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