sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Tudo começa em 1916. Donga lança "Pelo telefone"("Pelo telefone o chefe da polícia manda me avisar..."). A partir de então "Quem não gosta de samba bom sujeito não é ou é ruim da cabeça ou doente do pé". Circunscrito ao Rio de Janeiro até os anos 1930, começa a se espalhar pelo Brasil aquele que seria o ritmo que mais representa a brasilianidade. Uma mistura entre os tambores africanos e melodias bem trabalhadas é logo adotado pelos boêmios e malandros do Rio. Nomes como Noel Rosa, Wilson Batista, Geraldo Pereira, Donga, Cyro Monteiro, Ismael Silva, Heitor dos Prazeres e tantos outros valorizavam a malandragem e cantavam a vida noturna do Rio. Noel Rosa gostava de dizer que sambista não era malandro e sim "Rapaz folgado" em suas disputas musicais com Wilson Batista. O sambista mais talentoso dos primórdios do samba deixou mais de 200 músicas compostas. Ao morrer de tuberculose com apenas 27 anos, Noel tinha deixado clássicos da música brasileira como Feitiço da Vila, Com que Roupa, Feitio de Oração e tantas outras. Ao cantar "que quem nasce lá na Vila nem sequer vacila ao abraçar o samba" Noel exaltava as belezas de sua Vila Isabel, alvo de disputas com seu eterno rival Wilson Batista. Outro nome que se destaca nessa época é o talentoso Geraldo Pereeira, que entre outra pérolas nos brindou com o clássico "Falsa Baiana" que nos informava "que a falasa baiana quando entra no samba ninguém se incomoda , ninguém abre a roda ninguém grita oba salva a Bahia senhor". Nesse momento a Bahia começa a pertencer ao imaginário do samba. Um nome que será de fudamental importância para isso será o do genial Dorival Caymmi. Criador dos clássicos "Samba da minha terra", "Marina","Dora" e "Saudades da bahia" veio viver no Rio e se tornou um dos ícones do samba com seu jeito simples e sua voz potente. A popularização do samba como ritmo "nacional" não se deu por acaso. Getúlio com a instituição do Estado Novo queria criar uma identidade nacional e o samba fez o papel de música nacional. Além disso os sambistas que antes cantavam a malandragem e a vadiagem passaram a ser "compelidos a cantar o trabalho. Wilson Batista, notório malandro passou a cantar "Isaura hj eu não posso ficar se eu cair nos seus braços não há despertador que me faça acordar.. o trabalho é um dever todos devem respeitar...). Que mudança. O sambas que exaltavam as belezas do país também começaram a se tornar mais importantes e foram colocados na condição de hinos. O genial Ary Barroso é campeão desse estilo de samba. "Brasil, meu Brasil brasileiro meu mulato inzoneiro vou cantarte nos meus versos...". O samba, porém nunca foi purista. Flertava com diferentes ritmos. Como dizer que o magistral Pixinguinha, o mestre do choro, também não é um sambista. E Garoto o genial violonista? Com a popularização do samba grande parte dos músicos brasileiros passou a ter no samba algum tipo de inspiração ou influência. Em fins de 1950 surge a bossa-nova- que embora alguns puristas achem que não - é uma samba com harmonias mais elaboradas que flerta com o jazz. João Gilberto dizia que não tocava bossa-nova e sim samba. Tom Jobim criou os sambas mais bonitos da história da música brasileira. Carlos lyra outra lenda da Bossa Nova e parceiro em clássicos como "Coisa mais Linda","Você e eu","Minha Namorada", também era um exímio sambista. Após a bossa nova surgiram diversios artistas que influenciados por ela iriam fazer um samba mais melodioso. Dentre eles o mais conhecido cancioneiro brasileiro contempôraneo. Não podemos citar clássicos de Chico Buarque. Quase todas suas músicas são clássicos . Só como exemplo o que dizer de uma música sobre separação como "Trocando em miúdos"? Além de Chico outros nomes contemporâneos se mostraram clássicos. João Bosco (que alguns dizem fazer MPB), um excepcional instrumentista e compositos que junto com Aldir Blanc crious diversos clássicos do samba. O que falar de Cartola e Nelson Cavaquinho dois gigantes do samba. Eles não foram influencidos pela bossa-nova, mas foram resgatados por aqueles que a seguiram. Hoje podemos dividir o samba em duas vertentes principais. (Axé, pagode e outros tantos mais serão ignorados). Uma vertente mais melódica que segue essa linha de Cartola , Chico, Ary barroso. E outra linha mais percurssiva como Candeia, João Nogueira, Beth Carvalho. Ninguém passeia tão bem pelas duas como o príncipe do samba: Paulinho da Viola. Capaz de compor um partdio alto alto como "Pagode do Vavá" um samba exaltação como "Foi um Rio que passou na minha vida" faz uma samba choro como "Mente ao meu coração" que faz até os mais duros lembrarem de suas desilusões. Esperamos que surjam outros compositores dessa estirpe. Mantendo a tradição misturem ritmo e melodia de maneira tão singular. Só ão deixe de sambar dauela maneira. "tá legal, tá legal eu aceito o argumento, mas não altere o samba tanto assim, olha que a rapaziada tá sentindo a falta de um cavaco, de um pandeiro e de um tamborim."