segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
Fagulhas
Entrelaço a agulha nas tramas dessa canção...
Penso ter visto o seu rosto perdido na multidão
É a cidade-deserto que me exibe outra ilusão
Vou andando pra cima e pra baixo, sempre a buscar
Aprendi, sonhos são mais reais quanto mais se sonhar
Mas não sei onde pus a cabeça quando procurei chegar aqui
E vejo que há tanto de você nas coisas deste lugar
Esqueço barreiras que saltei, ignoro os perigos que vivi
Só sei que aqui ao seu lado, não há razão para voltar...
Protejo a fagulha que emana do coração
Projeto a agulha nas tramas dessa canção
A vista do alto do morro é uma aquarela sem par
De uma cidade lá embaixo que tenta nos alcançar...
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
Pedro miranda e o velho novo samba
quarta-feira, 7 de outubro de 2009
Sorriso seu
Que as crianças inocentes exibem
Me lembram que talvez valha a pena acreditar no paraíso
Já os sorrisos curtos e precisos
Que homens sisudos têm
Me fazem lembrar da falta de graça dum cotidiano maciço
Gosto mesmo do seu alto riso
Que faz da vida coisa simples e urgente
Gargalhada que ressoa suave e revela o siso
Mas me seduz também esse seu sorriso conciso
Quase sem som, que faz apenas vibrar algo no peito
Lá dentro do por do sol de suas sensações vertentes
Esse colar de pérolas que você ostenta quando te faço uma graça casual
Reluz como o luar do interior a fazer sombra no fundo do nosso quintal
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
Richard Dawkins, ou a esperança da razão
A FLIP de julho de 2009 trouxe ao Brasil, pela primeira vez, um dos maiores intelectuais vivos, provavelmente o maior. Um assombro que a imprensa nacional tenha dado tão pequena cobertura a esse cientista e escritor reverenciado nos meios acadêmicos e literários ao redor do mundo. Além de cientista respeitado, escritor prolífico, polemista e debatedor Richard Dawkins, o rotweiller de Darwin, é hoje o grande defensor da racionalidade e da ciência contra os ataques da religião e do misticismo. Desde seu primeiro livro, O Gene Egoísta, lançado em 1982, Richard Dawkins, vem se destacando como um cientista consagrado que escreve sobre temas importantes em uma linguagem acessível para o público leigo. Embora tenha vindo para ajudar a lançar seu próximo livro sobre a evolução, o debate se centrou no seu mais polêmico e famoso livro, além do mais brilhante: Deus, Um Delírio. Nesse seminal livro Dawkins ataca com toda sua erudição, verve e racionalidade a idéia de um deus sobrenatural, e todas as imposturas e misticismos que acompanham essa idéia. A idéia central do livro é que a noção de um deus, que além de ter criado o mundo ainda se preocupa com pequenas coisas mundanas, não é apenas ridícula e anti-cientifica, mas é nociva para a vida em sociedade e para o avanço da ciência.
Dawkins se notabilizou não apenas por atacar uma religião específica, mas a própria idéia de religião, ou seja, idéias e pretensas verdades baseadas na tradição, autoridade ou revelação. Para ele devemos refutar e questionar qualquer verdade absoluta da religião através da racionalidade e do questionamento crítico. O verdadeiro conhecimento se adquire através do debate, da razão e das evidências. Racional, materialista e genial faz da defesa da ciência e do debate racional suas armas e seu alvo. Dawkins, por demonstrar as fraquezas e as inconsistências das diversas religiões e o perigo que elas representam, sofre constantemente ataques de fundamentalistas, que querem trazer o debate para o campo da irracionalidade e da obscuridade onde podem gritar mais alto para seus fiéis. Dawkins continua incansável e vence, sempre, os debates, pois tem a seu lado a razão e a ponderação e não verdades reveladas por livros sagrados.
Em um momento em que o culto a “deuses” e a irracionalidade avançam, os atentados suicidas e os conflitos religiosos prosperam, Dawkins além de brilhante é imprescindível. Enquanto isso os maiores polemistas da imprensa tupiniquim (no maior país católico do mundo) são o “filósofo” Olavo de Carvalho e o inquisidor Reinaldo Azevedo, sempre prontos a defender, com fervor religioso, as indefensáveis (im)posturas da igreja católica. Para nos vacinarmos contra esses tipos de misticismos a leitura de Deus, Um Delírio, e seu convite à reflexão, já é um bom antídoto.
sexta-feira, 14 de agosto de 2009
Zero Nove e Meio
Outros choram a morte do inventor da guitarra, a musa jamais envelhecida....
No meio de todos, um menino bebe do vinho amanhecido e, tal qual um homicida, dispara sua vanguarda oca no meio da rua.
sexta-feira, 24 de julho de 2009
Pensamento politicamente incorreto de 6ª feira
sexta-feira, 19 de junho de 2009
sábado, 6 de junho de 2009
Ao sim seja
para seguir singrando mar adentro
amém ou dane-se
contanto que continuem sonhando
escolham com o coração
a mim, a um ou a outrem
mas verdadeiramen te
amem a si ou a mais ninguém
terça-feira, 17 de março de 2009
Woody Allen, o mais europeu dos cineastas americanos
sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009
O Próximo
Será que a diferença assusta tanto o homem, a ponto de ele ver necessidade de subjugar o próximo, para sentir-se seguro? Ou será que impor o sofrimento ao outro, o torna mais forte?
Entre a indiferença e o ódio, pavimenta-se a via da intolerância humana. Digo humana, pois não acredito que os animais, que usam da força para poder se impor no meio em que vivem, agiriam com sarcasmo ou sadismo.
Como disse, certa vez, Martin Luther King:
"Aprendemos a voar como pássaros e a nadar como peixes, mas ainda não aprendemos a conviver como irmãos".
sexta-feira, 23 de janeiro de 2009
Dilema sem Lema
tragédia, rotina ou desgraça?
o círculo vicioso da retaliação...
o cessar fogo naquele pedaço de terra
utopia, piada ou milagre?
tentativas em eterna concretização
- Quem começou tudo isso? – pergunta-me o menino.
Os povos que matam por território
Ou o território que exclui os povos?
Dois povos ocupam o mesmo lugar no espaço
Ao mesmo tempo?
- Quem sabe um dia, você não me dá a resposta, filho?
quarta-feira, 7 de janeiro de 2009
Lama posta
Nada foi posto na mesa de café
Nem café, nem xícara
Nem pão, nem migalha
Tudo foi imposto na vida de José
Tem carnê, tem cobrança
Tem multa e tem esperança
Afeito às frases feitas, assim ele é:
“O que não me mata, me fortalece”
Continua acreditando na vida
Fica cansado, mas jamais esmorece
Perde tudo, mas não abdica da fé
Mas agora, nem mais a mesa existe...
A lama engoliu toda sua residência
Tudo é escombro, morro abaixo, nada resiste
Pá na mão, tal qual Dom Quixote da Persistência
Diz ele, prometendo aos céus,
Abraçado à sua família:
“Poremos tudo de volta ao seu lugar,
Não perdemos nada, nós somos o lar”.