terça-feira, 17 de março de 2009

Woody Allen, o mais europeu dos cineastas americanos

Tomada 1: Um sujeito magro e franzino, com óculos fundo de garrafa, passeia ao lado de uma estonteante mulher destilando frases inteligentes carregadas de ironia e sarcasmo. Essa pode ser a tomada de um dos muitos filmes do mais profícuo cineasta da atualidade. De quatro em quatro anos, há uma Copa do Mundo, e de ano em ano, Woody Allen lança um fantástico filme. Nos últimos anos, o cineasta tem trocado sua amada Nova Iorque por locações na Europa. Seus últimos filmes foram locados na Inglaterra e seu último drama, Vicky Cristina Barcelona, foi filmado na capital Catalã. No entanto, está tudo lá: as auto-referências, a psicanálise, o humor sarcástico, a mistura do profundo e do mundano. Seus últimos filmes que fizeram sucesso, Match Point e Vicky Cristina Barcelona, não contam da participação do diretor como ator, ou seja, não podemos acompanhar as tiradas inteligentes de seu alter-ego atrapalhado, sedutor e suas gags que misturam comicidade e profundidade. Os seus últimos filmes marcaram um fuga do gênero que o tinha consagrado, a comédia. Dentro desse gênero, Allen transitou pelos mais diversos tipos de comédia, transformando esse gênero chamado menor em grande cinema. Inicialmente, foram as comédias, embora sem uma estória muito elaborada, juntavam diversas gags, com uma média de uma piada a cada 30 segundos. Também houveram as comédias do absurdo, cujo exemplo mais bem acabado é a obra prima Zelig. No entanto, as comédias sobre relacionamento, das quais Manhattan e Noivo Neurotico, Noiva Nervosa são os mais conhecidos, foram as que trouxeram fama e prestígio ao diretor. O diretor, que afirmou a seu biógrafo, Eric Lax, preferir drama a comédia criou um estilo próprio em seus mais de 40 filmes que, embora não tenha deixado muitos seguidores, criou um marco dentro do cinema mundial. Sua iconoclastia também é conhecida: ao estar concorrendo e ganhar o Oscar, na década de 1970, disse não poder participar da festa, pois no mesmo dia estaria tocando sua clarineta com sua banda num pequeno bar de NY. Seu próximo filme se passará na França e mal podemos esperar pela próxima obra-prima, que ao certo terminará com os já clássicos letreiros negros, um jazz muito bem escolhido ao fundo e terminando com os seguintes dizeres: WRITTEN AND DIRECTED BY WOODY ALLEN

Um comentário:

Cristiano disse...

Ícone dos iconoclastas, se é que isso é possível. Aliás, o Ricardinho conhece bem o que é fugir das convenções... Interessante o texto. Sem dúvida, o Woody Allen é um cineasta que marcou um estilo. Essa mistura entre o profundo e o mundano, como vc coloca, ou o prosaico e o filosófico, é o cerne do humor de Allen. Mas eu o conheço pouco, preciso assistir mais filmes dele.

Abraços.