sábado, 6 de outubro de 2007

Remoendo o lixo

Examinando nossas excrescências, nossos dejetos, revelam-se nossas pequenas essências, nossos imensos projetos. Muitos comem esses restos. Alguns buscam neles matéria-prima para fazer coisas novas. O lixo são os restos do que não queremos mais. Isso é lixo e lugar disso é no lixo. Quando morremos, nossos restos também são inutilizados no fundo da terra, mas há quem não desperdice todas as partes e as recicle, dando esperança de vida a outras vidas. Para onde vai todo o lixo do mundo? Lixo tóxico, lixo industrial, lixo hospitalar, lixo de escritório, lixo de restaurante que vira prato principal dos que moram no lixo. Continua no mundo ou há um válvula de escape? A boca do lixo. O lixão, aliás, é o lixo dos lixos. Muita gente ganha a vida recolhendo o lixo. Um dia sem ser recolhido e o lixo engole as ruas e os bueiros. Engole seus donos. Gatos têm fetiches com lixos suculentos. Cachorros também gostam de virar latas, como que por esporte. Há rios que, de tanto esgoto, tornam-se grotescas geléias de lixo. Lixo no mar é como fumaça no céu. O mundo de alguns insetos é o nosso lixo. E vice-versa. O lixo orgânico aduba e fertiliza o mundo, mas antes disso acontecer, os urubus vigiam avidamente nossa putrefação.

Um comentário:

Unknown disse...

Ahahaha fiquei sabendo que o Ricardinho não é o Ricardo que eu pensava! Gafeeee. Enfim, não te conheço mas a opinião não mudou.
Cristiano, adorei seu comentário! Seja bem-vindo para comentar sempre, é bem bacana ter uma opinião de quem escreve também, o que faria de diferente, o que não soa legal, etc. Por favor, não tenha grilos para apontar os pontos negativos, pois na verdade é o que eu mais quero.
E vamo que vamo! Na onda da "fome de metáfora" eu quero mais poesia, qdo vc vai postar coisas novas?
beijos
Tata