sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Razão, fé e ciência

"Deus está morto" bradava Nietzche no século XIX. A ciência naquele século fazia descobertas que revolucionariam toda a maneira de pensar do ser humano. Einstein mudava toda a concepção de universo, tempo e matéria. Freud cambiava a percepção de como o ser humano se enxergava e como o cérebro operava. Darwin pela primeira vez fornecia uma explicação plausível sobre a pergunta que há milênios angustiava o homem:"De onde viemos?". Marx misturando sociologia, economia e filosofia radical alemã, traduzia os anseios de uma classe social cada vez mais numerosa e fornecia uma nova maneira de se pensar a organização da sociedade. Afora é claro, o já citado filósofo Nietzche. Que esse pensadores tão dispares têm em comum? Começaram a consolidar uma fuga total dos conceitos estabelecidos pela instituição mais poderosa entãao: a Igreja. Durante séculos a ciência se desenvolvia, apesar, e muitas vezes em total confrontação com a igreja. Esses pensadores entravam em rota de colisão com o pensamento religioso presente na época. Claro que desde muito antes deles existiram cientistas que como galileu, Copérnico e muitos outros já faziam isso. Porém, no século XIX começou a se pensar como se fazer ciência da forma mais apropriada. O método começou a ser importante. A ciência se desenvolve e abre espaço para que os avanços tecnológicos do século XX sejam possíveis. Os Estados percebendo a necessidade da prevalência da razão, começam cada vez mais a serem laicos. Ou seja, passam a colocar a religião no seu devido lugar. Na esfera privada. Nos países desenvolvidos cada vez mais a religião passou a ser uma questão pessoal. E a vida pública passou a ser uma questão na qual as decisões eram tomadas baseadas na racionalidade. Todos poderiam ter a religião que quisessem, desde que não impusessem sua crenças a outros. A religião foi então cada vez mais nesses países um sistema de crenças. Crenças são, portanto, uma questão de valores que em nada se relacionam com a racionalidade. A ciência e as questões de Estado não poderiam e não deveriam se misturar com a religiosidade de cada indivíduo. Quanto mais os países se desenvolviam mais eles seguiam essas regras. Portugal e Espanha são dois exemplos dissos. Bastiões do atraso, do autoritarismo e da influência na Igreja,. com a modernização desses países a Igreja Católica passou cada vez mais a ter menos influência. No século XXI países onde Estado e religião se confudem só subsistem em lugares atrasados como África, Oriente Médio e América Latina. Por que falo disso? A Igreja Católica brasileira mais uma vez tenta influenciar decisões que deveriam ser pautadas pela racionalidade. Questões de saúde pública. Ser contra a distribuição de camisinha e pílulas do dia seguinte num país com alto índice de AIDS e de gravidez precoce é no mínimo um ataque á saúde publica de uma país. Mais uma vez, como sempre, desde a sua criação, a Igreja está do lado errado.

2 comentários:

Unknown disse...

A igreja catolica tem seus aspectos positivos e negativos, basta haver discernimento. O que deve ser inadmissivel eh a perda da fe, da esperanca, do amor ao proximo...causados pelo afastamento das pessoas da igreja, de Deus. Deixando as pessoas sem rumo, sem valores, sem direcao, a merce de seitas e ^bispos^ oportunistas, que utilizam a fragilidade alheia para a propria satisfacao.
As pessoas estao se preocupando demais com o fisico, palpavel e muito menos com o espirito, talvez se fosse o contrario, pouco importaria a opiniao da igreja catolica sobre a camisinha...
A razao e a ciencia sao importantes, contudo deixam vazio pra quem tambem eh dotado de coracao e emocao!

Cristiano disse...

Acho que razão e fé não devem se confundir. São institutos estanques. Os cientistas e governantes fariam muito bem em tomar decisões racionais pelo bem da coletividade. Embora, muitas vezes, outros interesses escusos, os desviem disso. A Igreja faria muito bem em limitar-se a dar conforto moral (sem cobrar nada em troca!) a seus fiéis. Embora, muitas vezes, o que faz é pregar ações contraproducentes.
Abraços.