Um alguém sem ninguém
preso a amarras e correntes
respira como claustrofóbico
e enxerga somente o que lhe convém.
Nos milhares de ônibus lotados
Nas filas intermináveis dos bancos
Nos elevadores suspensos nas alturas
Nas pistas de dança, onde sufoca suas agruras,
invade-lhe incontinenti
um silêncio arrasador.
Pela manhã,
move-se como foguete
a amarga ambição é o seu doce ópio
e o medo de errar é sua infértil semente.
Sonha em ter alguém
E dizer a ela belas cafonices:
‘meu mel é também seu
no céu do seu peito estou eu’
porém veda seus sentimentos agudos,
por medo de ofuscar o império da razão.
E de tanto sentir que não sente o mundo
teme que o silêncio que aturde seu coração
anoiteça a graça das coisas num segundo
Um prosaico eclipse de vida.
Um comentário:
Gostei... muito bom!
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