quinta-feira, 12 de abril de 2007

Poesia - Ricardinho

A morte para um ateu

A morte,
Fim de tudo
Começo do nada
Fim da única coisa que temos

Tudo se acaba
tudo termina
Para sempre
eternamente
num caminho sem volta
e sem existência

não há como escapar
não há o que fazer
o fim deste tormento
só nos leva ao nada

onde não existe consciência
O único sentido final para a vida é a morte
mas para a morte não há sentido nenhum
não há sentido, não há caminho
há apenas o não e o nada,
o nada

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Poder ter

Quero poder ter o tempo que quiser
O tempo para poder ter
Apenas o tempo para querer
O tempo para não fazer nada
Para poder fazer tudo que eu puder
Poder fazer o que quiser
O que quiser com meu próprio tempo

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Eu gostava de história e poesia
O mundo só me falava em lucro e desenvolvimento
Eu só falava em ócio e prazer
Só me respondiam sobre trabalho e produção

Eu queria apenas uma rede
Me exigiam responsabilidade
Eu só pensava em ficção
Eles me traziam responsabilidade

Eu só pedia um pouco de doçura
Só me entregaram o amargo
Já quis até um balão
O que me apareceu foi a velocidade

Já até acreditei em compreensão e amizade
O que existe é apenas competição
Claro que até pensei no pra sempre
Me quiseram mostrar as vantagens do curto prazo

Ainda só posso imaginar uma eterna infância
Não uma vida adulta só de descrença
Para afastar tudo de ruim
Só aquele doce sentimento que nunca se apagou

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Àquela que vai chegar

Te imagino como recortes
Recortes de tudo que vivi
Na certeza de que você virá
a ser diferente daquilo que eu quis

Já sem te conhecer
Posso te imaginar
Embora seu retrato
Seja justamente o que perdi

A sua tão longa e injustificável ausência
Irá se explicar
Com volumosos gestos
Com que irá me agraciar

Já sinto a sua pele e o seu sentido
Roubando minhas antigas memórias
Apagando meus antigos amores
Trazendo novos universos de ilusões

Claramente te vejo
Facilmente te crio
Somente na minha ilusão

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